sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

saudosismo.

"I'll have to send you a love letter! Straight from my heart, fucker! You know what a love letter is? It's a bullet from a fucking gun, fucker! You receive a love letter from me, and you're fucked forever! You understand, fuck? I'll send you straight to hell, fucker!... In dreams... I walk with you. In dreams... I talk to you. In dreams, you're mine... all the time. Forever. -blue velvet(1986)

O revólver tá guardado
numa caixa de ferro de bolachas dos anos 50
as balas
estão na minha caixa de cartas de amor em cima do armário
Se eu precisasse dar um tiro em alguém
seja num bicho raivoso
seja na pia
seja na tv como Elvis fazia
seja na minha coleção de girafinhas de vidro
Eu teria que me sentir saudoso uma dessas noites
Muito.Exageradamente.
Só isso.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

fome.

"Gasping - but somehow still alive
This is the fierce last stand of all I am

Gasping - dying - but somehow still alive
This is the final stand of all I am

Please keep me in mind"-well i wonder,the smiths

Um pastel
um miojo
muita cerveja de supermercado sem gelo
obsessão com jogos,crimes e golpes
e todas as noites pensando em ti ,
eu vivo com pouco,
quase não como,
e tenho a energia dos pactos diabólicos com vodka
"não sei como"-digo vendo os olhos vermelhos...
mas tenho e flano muito.
Se eu ficasse sem tudo isso
ainda teria a lembrança
da sua risada ecoando pelos quartos
do cheiro dos seus cabelos me entorpecendo
das tuas pernas
da tua buceta
e dos beijos que dava na sua boca em seguida
e pra falar a verdade ,
isso seria o bastante
mas, também seria a minha ruína .
Tenho fome do que não se completa.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

presente de ex-namorada.

-Belmont?Cê é francês?
-Ahn?
-Français?
-Ah...é uma história interessante ,meio comprida e (tchuc!)...
-Eu não tenho tempo ,francês sujo.
Silêncio.
-Cara,se eu não tivesse acabado de sair de cana eu enfiava essa porra dessa faca no seu bucho ,seu filho da puta xenófobo do caralho!
Isso foi dito com um fogo do inferno no olhar pela minha parte,frio e sem levantar a voz nem nada.Quando vi,já tinha falado .
Ele me olha assustado .
-Cê senta do meu lado e me fala um troço desses,che cazzo!?
O tiozinho olha para baixo e dá aquele olhar pra dentro do copo americano.
-Eu não queria beber sozinho...Minha mulher me largou semana passada...
Eu olhei para ele .Com o diabo no olhar ,olhei bem para ele .Nem todo o diabo te olha com maldade.Ele me olhou pelo canto do olho, com a barba branca molhada de cerveja.
Eu respirei fundo.
-Um homem precisa aprender a beber sozinho.
Ele deu uma balançadinha tímida de cabeça olhando as labaredas tremulando.Fez um sinal com a cabeça se despedindo e o gesto de bebum levantando o copo em minha direção dando um "tintin" .Foi prum canto lá no fundo do lado do banheiro e bebeu como se deve.
Na saída ,cambaleando e indo pro banheiro eu disse para ele:
-Eu esfaqueei um bosta que cuspiu na rua quando eu tava passando ,pegou em mim.O cara ,um desses armários que não tem nem pescoço ,riu ,como se eu não fosse nada e disse "Que é?" e foi pra cima,e eu meti meu canivete suiço no pescoço dele que ganhei de uma ex-namorada de presente de um ano de namoro.Ela me dizia que um dia ia ser útil...
Ele levantou os olhos.
-E foi ,né?-disse meio triste e bêbado como se devia estar,fechando os olhos quando fala.
Balancei a cabeça sorrindo meio esquisito.
-Se cuida,tio.
Levantou o copo.
Eu ia dizer a ele que era mentira essa história de cana e facas,mas eu aprendi isso com o Pedrão.
Da longínqua época em que se jogava Doom em telões (sem comentários ,né?!Counter Strike era ficção) no antigo Studio 3d .Estávamos um dia conversando após a jogatina e um desses protofascistinhas de merda ,disse aquela pérola que todo mundo ouve mais cedo ou mais tarde um dia na vida e essa pessoa tem a sua idade;sabe o famoso "tinha que voltar os tempos da ditadura" ?
Pedrão ,deu o seu famoso trago .Olhou para cima ,fechou os olhos e disse com o diabo no olhar:calmo e frio:
-È.Minha mãe foi espancada com metralhadora e teve que tirar um ovário .Nessa época.
Soltou a fumaça.Que clima se abateu na mesa.Olhares de canto .O cara pediu desculpas ,deu um tapa nas costas do Pedro .Não disse mais merda.
Na saída ,eu,um imbecil que nem sabia o que significava essa história de ovário,perguntei pro Pedro sobre essa história ,se era verdade e ele :
-NÃO!!
Rachamos o bico de um jeito ridículo,todos nós:de doer a barriga ,de estar num busão e só de lembrar dar aquele ataque só de lembrar da situação.Eu tenho esses ataques ás vezes e adoro essa história.
E lá tava o velho bebendo no seu canto .
Aprendendo a beber.
Eu só ensinei um truque a ele .
Ele ,poderia me ensinar milhões .

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

assim nascem os piratas-part one

Lá na Praça Pôr do Sol tinha um lugar que eu gostava de ficar:era uma espécie de varanda como aquelas de prédio,só que feita de madeira e destruída pelos anos ;era um amontoado de destroços em que só se dava para apoiar os pés em sua estrutura e colocar os ombros para segurar a sua cabeça parada enquanto ao fundo lá estava o sol hipnótico indo embora atrás de um céu cinza.Não sei se foi uma varanda ou um observatório um dia.Não sei .O que me atraía era que essa varanda se tornara atraente por ser incompleta e ao mesmo tempo tão aconchegante.
Poucas vezes senti isso: as coisas que me agarraram na vida eram como essa varanda velha e carcomida pelo tempo e eu pensava nisso enquanto apoiava a minha cabeça como Charlie Brown e Linus faziam no desenho e via um monte de gente deitada fazendo o mesmo sem ter a estrutura fudida .
E aquele sol vermelho-sangue e laranja ia embora tremulando como o fogo do inferno ,deixando a noite para deitarmos num travesseiro e pensar em tudo que nos aflige e tentamos alcançar.
Suspirávamos com alívio:
"a noite chegou"
A molecada na rua brincando de polícia e ladrão valendo os prédios do BNH,jogando bola na rua com gol de tijolos,esconde-esconde ou simplesmente conversando sobre um monte de coisas que não conhecíamos .Histórias de terror ,fantasmas ,exus .As garotas da escola ,o cheiro do shampoo de maçã que exalava dos cabelos dela .
O tempo passou.
Lá estava a varanda :inalterada ,velha e forte .
Andando de noite com a minha cachorra que insistia em me puxar e me levava para passear todas as noites como se a necessidade de sair fosse mais minha do que dela :ela me levava para as ruas para sentir um cheiro diferente a cada farejada que dávamos .
Cheiro de damas-da-noite que se abriam com o nosso passeio.
Avistei o velho telefone laranja em que eu ligava para a minha primeira amada sem ficha só para ouvir os 2 segundos de xingamentos cortados da voz dela ou dos pais enfurecidos.Ele era amarelo agora ,brilhante e sem nenhum atrativo .Eu fazia aquilo sempre só pra ouvir a voz dela.
Eu pensava nisso quando uma nuvem negra e dolorosa veio na minha vida.
Pensei na varanda e queria estar lá naquele momento .

Sei que doeu pra caralho.
Larguei a guia e nos milésimos de segundos que separavam a minha queda até o concreto ,pensei que a Lady ia fugir para a rua .Seriam duas merdas de névoas e nuvens negras numa mesma tacada .
Tudo escuro.
Um carro parou ,e eu gritei pra caralho :não vejo o porque de me deter nesses detalhes que são tão confusos
Uma porta abriu .
-O que foi isso ?-gritei para o ser humano que me segurava pelos braços e tentava me levantar.
-Tem uma garrafa ...
-Fala logo !
-A acho ...que jogarama uma garrafa em você ,tem 3 cacos ....
A garota que tinha uma voz muito curiosa ,rouca e sexy como a mulher do aeroporto que se via em filmes ;eu não sei se era ela mesmo pois nunca tinha ido num aeroporto na minha vida .
-Cadê a minha cachorra?-disse desesperado.
-Ela tá aqui ,fica tranquilo ,tá chorando não escuta ?Ela tá bem...
Eu não escutava .
Alcancei a cabeça dela e a afaguei nas suas orelhas macias como o céu .
Daí eu abri os olhos e foi mais ou menos quando alguém te pega naquela naquela brincadeira chata :algum moleque/garota diz "adivinha quem é?"e abre lentamente a sua visão tirando as mãos .E nunca se sabe quem é ,pois eu nunca acertei.
Para mim foi como se tirassem só a mão direita.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

nothing will die

When will the stream be aweary of flowing
Under my eye?
When will the wind be aweary of blowing
Over the sky?
When will the clouds be aweary of fleeting?
When will the heart be aweary of beating?
And nature die?
Never, oh! never, nothing will die;

The stream flows,
The wind blows,
The cloud fleets,
The heart beats,
Nothing will die.

Nothing will die;
All things will change
Thro’ eternity.
‘Tis the world’s winter;
Autumn and summer
Are gone long ago;
Earth is dry to the centre,
But spring, a new comer,
A spring rich and strange,
Shall make the winds blow
Round and round,
Thro’ and thro’,
Here and there,
Till the air
And the ground
Shall be fill’d with life anew.

The world was never made;
It will change, but it will not fade.
So let the wind range;
For even and morn
Ever will be
Thro’ eternity.
Nothing was born;
Nothing will die;
All things will change.

Alfred Lord Tennyson

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

all things will die

CLEARLY the blue river chimes in its flowing
Under my eye;
Warmly and broadly the south winds are blowing
Over the sky.
One after another the white clouds are fleeting;
Every heart this May morning in joyance is beating
Full merrily;
Yet all things must die.
The stream will cease to flow;
The wind will cease to blow;
The clouds will cease to fleet;
The heart will cease to beat;
For all things must die.
All things must die.
Spring will come never more.
Oh! vanity!
Death waits at the door.
See! our friends are all forsaking
The wine and the merrymaking.
We are call’d—we must go.
Laid low, very low,
In the dark we must lie.
The merry glees are still;
The voice of the bird
Shall no more be heard,
Nor the wind on the hill.
Oh! misery!
Hark! death is calling
While I speak to ye,
The jaw is falling,
The red cheek paling,
The strong limbs failing;
Ice with the warm blood mixing;
The eyeballs fixing.
Nine times goes the passing bell:
Ye merry souls, farewell.
The old earth
Had a birth,
As all men know,
Long ago.
And the old earth must die.
So let the warm winds range,
And the blue wave beat the shore;
For even and morn
Ye will never see
Thro’ eternity.
All things were born.
Ye will come never more,
For all things must die.

Alfred Lord Tennyson.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

one,two,three,four!!!

Olá,meu nome é Jeffrey Hyman.
Eu nasci no Queens.
A minha banda se chama Ramones.
E isso é tudo o que vocês precisam saber .
Não se preocupem comigo.Mesmo.
Ah!Belmont ,não chore mais por mim e Dee Dee:
todos os dias eu e ele mandamos o Johnny ir a merda e saimos correndo cantando a sua preferida.]
Corremos como as crianças costumam correr pelos pátios...